41 - ARTIGO CIENTÍFICO DE 2007 COMPROVA USO DE PEIXES NO COMBATE A DENGUE!

10/12/2015 23:00

Piaba é usada no combate à dengue

PESQUISA - Comprovada a eficácia da piaba no combate às larvas do mosquito transmissor da dengue

Está comprovado cientificamente que a piaba pode ser usada no controle de larvas do mosquito transmissor da dengue. Testes em laboratório revelaram que um peixinho desses, medindo entre 4 e 5 centímetros, é capaz de comer cerca de 900 larvas de Aedes aegypti em 60 minutos. A coordenadora da pesquisa, professora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, chefe do Departamento de Microbiologia e Parasitologia do Centro de Biociências da UFRN, ressalta, no entanto, que há sempre o risco de os peixes contaminarem a água com bactérias, dependendo do seu local de procedência.

“Peixes são carreadores de bactérias e protozoários. Eu não recomendaria o uso da piaba em água que venha a ser ingerida. Mas se a água está armazenada em um tonel, por exemplo, e não é para beber, tudo bem. Esse pequeno peixe dá conta; ele é um excelente predador do mosquito transmissor da dengue”. Fátima Ximenes considera que a Astyanax bimaculatus (nome científico da piaba) pode ser indicada para utilização no controle do Aedes aegypti, mas é necessário que seja observado um conjunto de informações sobre a biologia do peixe, comportamento alimentar, capacidade de predação e o tempo de jejum.

No projeto de pesquisa “Aedes aegypti e controle biológico por peixes - análise de riscos e benefícios à saúde”, Fátima e seu grupo, formado por alunos e outros professores do Departamento de Microbiologia e Parasitologia, fizeram testes em laboratório por dois anos com a piaba e outras duas espécies de peixe. Os pesquisadores punham em aquários os peixes em jejum — de 24 a 48 horas — e ofereciam larvas de Aedes aegypti.   

Entre as três espécies estudadas — Astyanax bimaculatus e Poecillia vivipara, nativas da região, e Betta splendens, tipo exótico criado por aquariofilistas —, a primeira se revelou melhor e mais rápida predadora de larvas do mosquito. “Nós cronometrávamos o tempo. Em  50 minutos, uma piaba chega a comer de 700 a 800 larvas”, diz a professora Fátima Ximenes, que faz uma observação quanto à taxa de predação das larvas por Astyanax bimaculatus: “a taxa depende do número de presas presentes no aquário, ou seja, a predação (por parte da piaba) é tanto mais rápida quanto maior o número de peixes que competem pelo alimento”.

Os resultados infelizmente não puderam ser testados pelos pesquisadores em campo. “O projeto (financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do RN-Fapern e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq), terminou e nós tivemos dificuldades de ordem prática”, justifica a professora. De acordo com ela, a pesquisa foi realizada com a finalidade de comprovar cientificamente a eficácia da piaba no controle do mosquito da dengue, medida que vinha sendo adotada em vários municípios do interior do RN.

Em 2002, Fátima Ximenes participava como representante da UFRN do Comitê de Assessoramento ao Plano Estadual de Combate à Dengue. Foi quando surgiu a história de que pessoas no interior estavam colocando piabas nas cisternas  para acabar com a larva do mosquito da dengue. Em alguns municípios foram distribuídos peixes com a população.

A fofoca era de que a estratégia vinha funcionando bem, mas não havia embasamento científico. Agora já tem.  Mas segundo Fátima Ximenes: a Astyanax bimaculatus deve ser usada no controle do mosquito da dengue associada a outras medidas, e não é aconselhável seu uso em água destinada ao consumo humano.

Departamento estuda insetos que transmitem doenças no NE

No Departamento de Microbiologia e Parasitologia do Centro de Biociências da UFRN, professores e alunos de graduação e pós-graduação têm produzido, com a ajuda de pesquisadores de outras universidades nordestinas, muito conhecimento a respeito de insetos transmissores de doenças endêmicas no Nordeste. Um deles recebe atenção especial. É o Flebotomíneo, mosquito transmissor da Leishmaniose, mais conhecida por Calazar.

A região Nordeste concentra o maior número de casos da doença (70%), o que explica o interesse de cientistas da região no assunto. E essa estatística foi pior. Os estados nordestinos já concentraram 95% dos casos do Brasil. “O número caiu, mas ainda é muito elevado”, diz a professora de parasitologia Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes.

Ela estuda a Leishmaniose desde 1994, ano em que surgiram vários casos da doença na Zona Norte de Natal. No Estado, o primeiro pico foi em 1992 — 260 casos. Em 2000 o número foi ainda mais alto, 330 casos. Em 2006, houve uma queda — 140 pessoas tiveram a doença. Os resultados dos estudos coordenados por Fátima Ximenes servem para ajudar os órgãos de controle do Calazar na medida em que mapeia as áreas críticas no Estado e os períodos de maior ocorrência. No laboratório, são estudados, entre outras coisas, o ciclo de vida e as condições de temperatura e umidade em que os mosquitos se desenvolvem.

Os pesquisadores da UFRN também querem obter informações sobre os hospedeiros dos mosquitos. Esse trabalho é realizado em duas etapas. A primeira consiste na captura de Flebotomínios, o que é feito em várias áreas do Estado. A outra etapa é a análise laboratorial do sangue ingerido pelo mosquito. Por meio de técnica de biologia molecular, é possível saber de que animal o inseto está se alimentando. Eles costumam se alimentar principalmente de cães, mas também de raposas, timbus e outros roedores.

Ocorrem dois tipos de Leishmaniose, a cutânea e a visceral. Esta última pode levar à morte e é a de maior incidência no RN. A transmissão se dá por meio do inseto Flebotomíneo (vetor). O mosquito pica um animal e deixa nele um parasita. Outro mosquito se alimenta no animal infectado e ingere o protozoário que é transmitido ao homem por meio da picada.

 

Pesquisar no site

Contato

Aquarista Descomplicado Recife